Pododermatite em cães

Por: Malize Gonçalves

Pododermatite em cães

Um motivo corriqueiro das visitas ao dermatólogo é devido à queixa de lamber intensamente as patas. Apesar do ato de se lamber fazer parte do ritual de higiene dos pets, quando ocorre em excesso ou até mesmo, quando acompanhado de “mordiscamento”, pode sinalizar uma pododermatite, o qual pode ser acompanhada de dor ou prurido (coceira).

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A pododermatite é definida como inflamação da pele das patas, afetando todos os tecidos desta região, incluindo interdígitos, almofadas plantares (coxins), pregas ungueais e as unhas. E com a progressão do problema, o auto traumatismo, a umidade devido ao acúmulo de saliva e as respostas do sistema imune local envolvido, resultam em alterações. São comuns vermelhidão, engrossamento da pele, presença de umidade, escamação, inchaço, escurecimento da pele e unhas, nódulos, fissuras e até perda das unhas. Podendo cursar com infecções bacterianas ou fúngicas, que são oportunistas, agravando ainda mais o problema.

É importante ressaltar que a pododermatite, não é um diagnóstico, mais sim um sintoma, uma apresentação clínica que pode ou não vir acompanhado de outras manifestações dermatológicas ou sistêmicas.

Observamos comumente a pododermatite como um sintoma das dermatites alérgicas, em especial na dermatite atópica, acometendo ambas as patas, porém, observo em minha rotina uma incidência maior em patas dianteiras. A manifestação clínica principal é o prurido (coceira). Inicialmente a coceira pode vir acompanhada de uma pele normal (alesionada), e com o tempo com a evolução do problema, surgem às alterações locais acima mencionadas. Podendo se tornar crônica, caso não tratada precocemente ou não identificada as possíveis causas, ou evoluir para instalação de infecções superficiais por bactérias do gênero Estafilocócicas ou leveduras Malassezia. Além das dermatites alérgicas, as causas parasitárias como a sarna Demodécica, ocasionada pelo ácaro Demodex canis. A penetração de corpo estranho como pedras, lascas ao brincar e correr, ocasionando, incômodos e dor. Fatores emocionais como ansiedade ou estresse, podem agravar ou causar a lambedura de patas (em casos mais incomuns). Algumas raças de pelo curto e liso, como os Buldogues, Pugs podem ser acometidos por um tipo de pododermatite, denominada piogranulomatosa estéril, sua característica é a presença de cistos ou nódulos interdigitais, resultando em processo inflamatório.

No momento do exame clínico do animal, é importante que o histórico do paciente seja bem detalhado pelo tutor, para a partir daí iniciarmos o raciocínio clínico. Em seguida, examinamos toda região, na busca de alterações, ou presença de corpos estranhos. É importante que a pele de todo o corpo do animal seja examinada, pois alterações em outras regiões do corpo, podem nos auxiliar no inquérito dermatológico, nos sugerindo possíveis causa do problema. Alguns exames são ferramentas úteis, dentre eles, o raspado de pele e a citologia cutânea. Estes nos servem como triagem, podendo identificar possíveis infecções, inflamação e presença de ácaros causadores de sarna.

O tratamento da pododermatite varia de acordo com a causa. Basicamente é composto por tratamento tópico em forma de sprays, gel, creme e pomada, visando ação anti-inflamatória, antialérgica, cicatrizante, acaricidas e antissépticas. Ou até mesmo terapia oral com anti-inflamatórios e antialérgicos para casos mais graves

Malize Gonçalves

CRMV-SP 21291 Médica-veterinária atuante em Campinas e região. Graduada pela Faculdade de Jaguariúna (2006). Pós-graduada em Dermatologia de animais domésticos pelo Instituto Qualittas São Paulo (2015). Aperfeiçoamento em Dietoterapia e Nutracêuticos pelo SPMV (2015/2019).

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