“O mercado de imagem é heterogêneo no Brasil”, aponta Dr. Mauro Caldas

Por Samia Malas

“O mercado de imagem é heterogêneo no Brasil”, aponta Dr. Mauro Caldas

Confira bate-papo que tivemos com o novo presidente da ABRV

Dr. Mauro Caldas é o novo presidente da Associação Brasileira de Radiologia Veterinária (ABRV), e ficará no cargo até 2025. Dr. Mauro também é diretor e coordenador técnico do CRV Imagem e participou do projeto de implementação do primeiro serviço de tomografia veterinária do Brasil. Formado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Fluminense, é radiologista diplomado pelo Colégio Brasileiro de Radiologia Veterinária (CBRV) e uma das maiores referências em tomografia computadorizada do Brasil. 

A seguir, confira entrevista com o profissional.

{PAYWALL_INICIO}

Revista Diagnóstico Veterinário em foco: Há quanto tempo atua na área de radiologia? E no CRV Imagem, está há quanto tempo?

Dr. Mauro Caldas: Atuo no diagnóstico por imagem na veterinária há 22 anos, inicialmente somente com radiologia. Após a montagem do CRV, trabalho há 14 anos também com tomografia, e mais recentemente, com ressonância magnética.

RDVF: Quais os desafios que acredita que irá enfrentar como presidente da ABRV?

Dr. Mauro: Nosso maior desafio será a comunicação e o entendimento das demandas de diferentes profissionais em diversos lugares do Brasil, tanto no interior quanto nos grandes centros. Outro enorme emprazamento será retornar de forma presencial com nosso congresso, o SINDIV – Simpósio Internacional de Diagnóstico por Imagem Veterinário, após o hiato promovido pela pandemia.

RDVF: Quando se encerra seu mandato na ABRV e o que pretende concretizar até lá? Quais as prioridades de sua agenda como presidente?

Dr. Mauro: Nossa gestão será de 2022 até 2025. Nossas prioridades são as provas de titulação para os especialistas de diagnóstico por imagem, o maior intercâmbio com outras sociedades veterinárias para construção de consensos conjuntos e um grande senso dos profissionais atuantes na área de imagem no Brasil para o melhor entendimento das nossas carências e oportunidades.

RDVF: Como avalia o mercado de radiologia veterinária no Brasil hoje em relação aos últimos 5 ou 10 anos? O que evoluiu?

Dr. Mauro: Houve uma evolução absurda nos últimos 10 anos, o salto de qualidade nos equipamentos e a presença de exames que não eram disponíveis na veterinária como a tomografia e ressonância. O desafio é a atualização da formação dos profissionais de imagem para acompanhar essa evolução de forma constante.

RDVF: O mercado de trabalho na área é muito concorrido ou ainda há muito espaço para trabalhar e investir? Como se destacar nessa área?

Dr. Mauro: O mercado de imagem é heterogêneo no Brasil. Houve grande evolução nos últimos anos, mas com distribuição complexa. Há uma concentração de profissionais e de equipamentos em grandes centros, com alta competitividade, mas ainda existem muitas áreas carentes de atualizações. O destaque do profissional se dá por uma atualização constante e intensa. Quem recicla conhecimentos e tem boa capacidade de comunicação com os outros veterinários sempre terá espaço de crescimento.

RDVF: Quais os maiores avanços em termos de tecnologia (equipamentos) que os veterinários que atuam na área de radiologia experimentaram nos últimos anos?

Dr. Mauro: A digitalização do raio X, a maior definição dos transdutores na US, os tomógrafos de múltiplos detectores e a ressonância de alto campo permitiram um salto na capacidade de diagnósticos e a possibilidade de tratamentos dos nossos pacientes, mudando e evoluindo toda medicina veterinária.

RDVF: O que considera ser revolucionário na área de radiologia, algo que era impensável há pouco tempo e agora é uma realidade?

Dr. Mauro: A disponibilização de ressonância de alto campo na veterinária era um sonho antigo que sempre pareceu impossível de ser alcançado pelo custo dos equipamentos. Hoje vemos como algo presente e que rapidamente vai se espalhar e ser disponível em todos os grandes centros do país, em breve.

RDVF: Quais áreas ou diagnóstico de doenças foram mais beneficiadas com o advento e evolução da radiologia com a chegada de equipamentos como a tomografia computadorizada? Poderia citar um exemplo de melhoria em diagnóstico que antes era incomum e hoje conseguimos fazer por conta do aparelho?

Dr. Mauro: Acho que as duas áreas que mais se destacam em benefícios para o diagnóstico e planejamento de tratamento, são a neurologia e a oncologia. Na avaliação encefálica e do canal medular para o neurologista é indispensável a imagem avançada, e para o oncologista o estadiamento dos tumores, ou seja, entender o quão avançado está a doença é fundamental para escolher o tratamento mais adequado. Tumores no encéfalo, por exemplo, eram de diagnóstico super raro por não conseguirmos imagens ou orientar biopsias.

RDVF: A realização de exames radiológicos em animais de estimação vem aumentando? Eles têm ficado mais acessíveis aos clínicos e tutores? Ou ainda são muito restritos aos grandes centros? O que é preciso para mudar essa realidade? 

Dr. Mauro: Todas as modalidades de imagem estão cada vez mais presentes na medicina veterinária e sua disponibilidade é bem grande.  A tomografia já é efetiva mesmo em cidades de médio porte. Somente a ressonância ainda é mais recorrente em grandes centros, mas acredito que nos próximos dois anos tenhamos uma significativa expansão no número de equipamentos e locais.

RDVF: Qual recado deixaria aos estudantes ou profissionais que se pretendem ingressar na área de radiologia?

Dr. Mauro: Procure uma boa residência de imagem, estude muita clínica e se atualize sempre. A velocidade da mudança dos conceitos está cada vez mais veloz.

{PAYWALL_FIM}