Granuloma leproide canino

Por Ana Carolina Vasconcelos

Granuloma leproide canino

O granuloma leproide canino (GLC) é uma enfermidade de ocorrência incomum, sendo mais relatada em países de clima tropical. Apesar de sua etiopatogenia não ser bem conhecida, acredita-se que picadas de mosquitos ou de outros artrópodes podem ser responsáveis pela inoculação da micobacteria de seu próprio nicho ambiental. Os sinais clínicos do granuloma lepróide canino são: lesões nodulares, piogranulomatosas firmes ou ulceradas que podem estar presentes na derme e tecido subcutâneo dos cães afetados, predominantemente em orelhas e em menor grau em região cefálica e membros torácicos. Geralmente as lesões regridem espontaneamente em semanas a meses com ou sem cirurgia Os nódulos são indolores e seu tamanho varia de 2 mm a 5 cm de diâmetro. Lesões maiores podem ulcerar, o granuloma lepróide geralmente acomete o tecido subcutâneo e a pele e não envolvem linfonodos regionais, nervos ou órgãos internos.

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Figura 01 e 02: Canino apresentando lesão nodular, firme e ulcerada em dobra dorsal de pavilhão auricular direito (foto esquerda) e lesão nodular com hipotricose e crosta em dobra dorsal de pavilhão auricular esquerdo (foto direita). Fonte: Arquivo pessoal (2021).

Embora o diagnostico seja normalmente pressuposto no exame físico, principalmente ao se observar a distribuição das lesões, a realização dos exames subsidiários para confirmação da doença é sempre recomendada.

A coleta de material para exame citológico deve ser obtida através de decalque ou punção aspirativa de lesões sólidas, e em seguida submetidas a coloração de Ziehl- Neelsen ou panótico. Na microscopia no aumento de 1000x é possível observar macrófagos em maior quantidade e número variável de linfócitos e plasmócitos, com discreto infiltrado neutrofílico. De forma usual, poucas a moderados bacilos de tamanho médio podem ser detectados no interior dos macrófagos ou até mesmo extracelularmente.

Além do exame citológico, é possível realizar exame histopatológico coletado através da biopsia. O cultivo microbiológico do agente, ainda não foi possível determinar as características ideias para seu crescimento, assim como a utilização da PCR (reação em cadeia polimerase) para tal enfermidade, pois ela encontra-se até o momento restrita a centros de pesquisa.

Figura 03: Citologia feito através de imprint de material da biopsia com presença de bacilos corados negativamente no interior de macrófago. Fonte: Arquivo pessoal (2021)

O diagnóstico diferencial do granuloma lepróide consiste em uma variedade de doenças infecciosas, inflamatória ou neoplásica, incluindo: infecções localizadas de Staphylococcus intermedius e Microsporum canis, síndrome do Piogranuloma estéril canino, histiocitoma, tumores de células basais e tumores de células redondas.

No tratamento do granuloma leproide canino é possível utilizar a terapia medicamentosa, excisão cirúrgica ou até mesmo a conduta expectante.

Segundo relatos, tem-se o uso da doxiciclina como monoterapia, assim como em combinação com enrofloxacina, ambos com ótimos resultados.

Os antimicrobianos com maior eficiência, entre 70% e 100%, utilizados como monoterapia ou em combinação com outros fármacos são: rifampicina, amicacina, enrofloxacina, ciprofloxacina, claritromicina, gentamicina, clofazimina, minociclina, doxiciclina e canamicina.

Nos casos com número limitado de lesões, a excisão cirúrgica pode ser curativa e fornece material para confirmar o diagnóstico através do exame histopatológico.

A recomendação da duração do tratamento é no mínimo 30 dias, independente do fármaco empregado, tanto na monoterapia quanto em associações. O período total de terapia é bastante variável, devendo-se prolongar até a resolução das lesões.

Figura 04 e 05: Canino (figura 01) após 5 meses fazendo uso da enrofloxacina como uso sistêmico e rifampicina como uso tópico.

Geralmente o prognostico da doença é favorável, pois o animal geralmente apresenta apenas lesões nodulares em pavilhão auricular com ausência de sinais clínicos sistêmicos. O granuloma lepróide deve ser considerado como importante diagnóstico diferencial em lesões nodulares, apesar de ser uma doença pouco comum é importante que os médicos veterinários tenham conhecimento dela para que busque através de exames complementares o correto diagnostico para que assim o verdadeiro número de casos seja reconhecido, consequentemente mais relatos sobre a doença poderão ser desenvolvidos.

Referências bibliográficas

FOLEY, J.E.; BORJESSON, D.; GROSS, T.L.; RAND, M.; NEEDHAM, M.; POLAND, A. Clinical, microscopic and molecular aspects of canine leproid granuloma in the United States. Veterinary Pathology, v.39, 2002.

LARSSON, C.E.; LUCAS, R. Tratado de medicina externa: dermatologia veterinária.Interbook, v.02, 2020.

MELO,S,R,N.; CLETO, D,R.; NEMER, V,C. Granuloma Leproide Canino – relato de caso. Revista Cientifica de Medicina Veterinaria,v.02,e ed.48, 2018.

Ana Carolina Vasconcelos

Especialização em Dermatologia e Alergologia veterinária Anclivepa - SP- Atendimento em dermatologia e alergologia no Hospital Veterinário Eicke Bucholtz na cidade de Campinas - SP- Graduada em Medicina Veterinária pela UNIP

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