Como matar um cão atropelado em 10 minutos

POR SAMIA MALAS

Como matar um cão atropelado em 10 minutos

FRANCISCO MELLO NOS CONTA NESSA ENTREVISTA COMO A FALTA DE CUIDADOS BÁSICOS PODE CUSTAR A VIDA DO PET EM SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA QUE A UNIVERSIDADE NÃO CONTOU PRA VOCÊ

Atender uma ocorrência emergencial como um atropelamento exige rapidez e eficácia desde o primeiro contato que a clínica tem com o tutor do animal que sofreu o acidente. Erros básicos podem custar a vida dele. “É imprescindível que o tutor, diante de um acidente que pode ocasionar fratura, seja por mordedura, atropelamento, queda, entre outros, entre em contato com a equipe médica e relate exatamente como foi o acidente”, diz Francisco Mello, diretor técnico da MelloVet Intensivismo, coordenador do Instituto Mello Vet Brasil, de cursos de aprimoramento e pós-graduação em Medicina Veterinária, de Campinas-SP, e certificado pela Sociedade Latino Americana de Urgências e Cuidados Intensivos (LAVECCS). Assim, para salvar a vida do paciente, o atendimento e orientação ao tutor é o primeiro passo. {PAYWALL_INICIO} “É totalmente contraindicado fazer contenção de hemorragias em casa, com torniquetes. O ideal é fazer uma compressão local na lesão e encaminhar o pet diretamente para o hospital para avaliar se há comprometimento de grandes vasos sanguíneos e estabelecer a melhor condição de sobrevida”, conta. Ainda segundo ele, os primeiros socorros em casa são primordiais. “A estabilização do paciente e a chegada dele em boas condições para ser reanimado é de suma importância para que o animal sobreviva. É preciso entender a gravidade do problema e, a partir daí, garantir que o animal chegue ao hospital para receber os primeiros cuidados o quanto antes.”

INTENSIVISTA: UM GRANDE ALIADO

Como o intensivista é um profissional multidisciplinar, continua Francisco, ele tem papel importante desde a recepção clínica, entendimento das disfunções até o tratamento do paciente grave. “O intensivista é um grande aliado da medicina veterinária, pois consegue trabalhar de forma multidisciplinar com equipe clinica, laboratorial, de diagnostico por imagem, cirúrgica, anestésica, etc., tudo para estabelecer um diagnóstico como entender a gravidade do quadro do paciente em questão e saber tratar”, ressalta. 

PROCEDIMENTOS

O atendimento emergencial começa na ligação do tutor. “A partir daí, se iniciam os protocolos de triagem e abordagem primária e secundária. Até a chegada do animal é de suma importância a equipe pensar em possibilidades de tratamento para um melhor índice de prognóstico. Na sala de emergência, devemos trabalhar com metas que devem ser efetivas, e cumpridas de forma rápida”, afirma.

PREVENÇÃO, SEMPRE!

Segundo Francisco muitas emergências são evitadas atuando com a prevenção. Ou seja, informando o tutor que é perigoso passear sem a guia na rua, deixar cães de pequeno porte em escadas sem proteção, etc. “Isso reduz bastante ocorrências futuras”, aponta.

LADO HUMANO

O intensivista lida com situações complexas e difíceis de serem entendidas por um leigo, no caso o tutor. “Fazer com que o cliente também entenda a gravidade do caso, o protocolo de tratamento e dar suporte emocional, com um abraço, aperto de mão, algum conforto, também são habilidades importantes para um intensivista”, completa. Desse modo, além de ser bom tecnicamente, precisa ter um lado humano forte, sabendo lidar com as emoções do tutor que costumam estar à flor da pele em casos emergenciais.

ATENDIMENTO X PAGAMENTO

Todo paciente em potencial crise de urgência tem que receber os primeiros socorros antes de o veterinário tratar de valores com o tutor.  “Independente da clínica e da situação, fazer a estabilização do atendimento inicial, categorizar o risco do paciente e encaminhar para serviços de cuidados críticos são os primeiros passos. Depois,  se pensa em valores”, recomenda o veterinário, que ainda lembra da importância em informar tudo ao cliente e obter seu consentimento antes de aplicar os tratamentos. “Com um potencial ou suspeita de um diagnóstico em mãos, o médico veterinário se senta com o cliente e explica todo o contexto e o que precisa em termos de internação e exames”, finaliza.

Francisco Mello

•Possui graduação em Medicina Veterinária pela Faculdade de Jaguariuna (2012). •Certificação pela sociedade latino americana de emergência e cuidados intensivos (LAVECCS) 2014 . •Certificação em primeiros socorros e reanimação cardiopulmonar pela American Heart Association ( AHA) 2019. •Pós graduado em anestesiologia veterinária pela PAV/BIOETHICUS/FAJ (2015). •Diretor clínico da MelloVet Intensivismo em Campinas-SP •Responsável da internação e UTI do Hospital Veterinário Taquaral- Campinas-SP Professor de cursos de imersão e pós-graduação em medicina veterinária. •Coordenador do Instituto MelloVet de ensino – Brasil . •Business Coaching pela Line Coaching- Campinas-SP (2019)

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