6 regras da nutrição felina que você precisa saber

Fique por dentro dos principais pontos e novidades da área de nutrição desses animais de estimação

Por: Samia Malas

elinos são conhecidos por seu paladar seletivo e caprichoso. Isso faz com muitos gateiros tenham dificuldades em chegar na dieta predileta do felino. Muitas vezes acabamos até cedendo aos caprichos do bichano para agradar o rei da casa! Contudo, alguns vícios alimentares podem ser bastante prejudiciais a esse pet.

A seguir, veja algumas regras da alimentação felina apontada por dois médicos-veterinários: Vivian Pedrinelli, especializada em nutrição de cães e gatos pela UNESP – campus Jaboticabal e Yves Micelli, Mestre em Alimentação e Nutrição Animal pela Universidade de São Paulo (USP – Campus Pirassununga). Assim, você saberá se seu

bichano tem se alimentado de forma equilibrada e sem mimos perigosos.

1. Ingredientes essenciais

Os ingredientes ou nutrientes essenciais, explica Yves, são aqueles que atendem às necessidades essenciais de uma determinada espécie animal. Felinos precisam de:

– Proteínas: de extrema importância para todas as etapas e idades do animal, pois têm a função de regenerar os tecidos e criar anticorpos necessários para combater as doenças.

Gorduras: responsável por gerar energia e fortalecer as estruturas das células.

– Carboidratos: que ajudam na manutenção da energia, dentre vários outros benefícios. Contudo, cães e gatos não apresentam a enzima amilase na saliva e, com isso, têm maior dificuldade na digestão desses nutrientes.

– Fibras: são importantes na digestão e podem ser encontradas nos vegetais e cereais.

– Vitaminas: sendo as principais as Vitamina A, Vitamina D, Tiamina (entre outras do complexo B), e alguns aminoácidos como a Taurina (veja mais a seguir), Arginina Triptofano, Valina, Metionina, Lisina, Fenilalanina, Treonina, Leucina, Isoleucina e Histidina, que auxiliam no metabolismo e mantém o equilíbrio imunológico do felino

– Água: deve estar sempre disponível em quantidades abundantes, e ser filtrada e limpa, ressalta Yves. “Assim como os humanos, grande parte do corpo deles é composto de água”, completa.

2. Taurina e sua função 

A Taurina é um aminoácido fundamental para todos os mamíferos. “Os aminoácidos (unidades básicas das proteínas) são divididos em dois grupos: não essenciais – que são os que o próprio organismo sintetiza -, e essenciais, que não são produzidos pelo organismo e precisam ser incluídos na dieta. Ambos são fundamentais para o bom funcionamento do sistema fisiológico dos seres vivos”, ensina Yves. Ainda segundo ele, as proteínas de origem animal são as únicas fontes de taurina, primordial para o funcionamento do coração, da visão e do sistema reprodutivo dos animais, além de participar da formação da bile, sendo um importante agente na digestão. “Gatos que apresentam deficiência desse aminoácido podem manifestar patologias como degeneração central da retina dos felinos (DCRF); cardiomiopatia dilatada (CMD); perda da audição; disfunção imunológica, entre outras”, lista. Como os gatos não produzem taurina em quantidades suficientes, é por isso que precisam obtê-la por meio da sua alimentação. “Significa que a taurina é um aminoácido essencial para os gatos, mas não essencial para os demais animais”, conclui.

3. Tóxico para gatos

Diversos alimentos são tóxicos para gatos, e caso você seja daqueles que gosta de cozinhar a comida do seu peludo, cuidado na hora de temperar o alimento. “As plantas do gênero Allium, como cebola, alho, cebolinha e alho-poró, podem causar anemia em cães e gatos, porém, os felinos são mais susceptíveis do que cães à intoxicação por consumo de cebola pois geralmente são menores e, portanto, toleram quantidades menores”, explica.

4. Alimento úmido engorda? 

Existem muitos mitos sobre a oferta do alimento úmido ao gato, mas Yves explica que, quando bem administrado e utilizado de acordo com as necessidades do animal, raramente ele causará problemas de saúde. “Por apresentar uma concentração elevada em água, em torno de 75% de sua composição, o alimento úmido apresenta uma menor densidade energética. Portanto para que o animal engorde, é necessário que seja administrada doses acima da necessidade dele e por um período prolongado”, desmitifica Yves, apontando que o erro de manejo nutricional do dono é o principal vilão desse tipo de alimento. Mas atenção! Yves acrescenta que quando optamos em oferecer um alimento dessa categoria, é importante que o cão ou gato passe por uma avaliação de um veterinário. “É ele quem vai determinar a dose, tipo de alimento e período de tempo que o animal deve consumi-lo”, recomenda. Yves ainda aponta que o principal benefício desse tipo de alimento é a maior hidratação do pet, principalmente os que têm por hábito uma baixa ingestão de água, como os felinos e animais mais velhos.

5. Leite de vaca: vilão para felinos?

Muitos gatos gostam de leite (principalmente integral), pois é um alimento que contém gordura e proteína, dois nutrientes bem atrativos para esta espécie, explica Vivian. Porém, o leite, em especial o de vaca, não é um alimento completo para o felino. “A ingestão de leite em quantidades excessivas pode levar ao sobrepeso, pelo alto teor de gorduras, e também a uma ingestão desbalanceada de proteínas, uma vez que o perfil de proteínas que o leite contém não é adequado para gatos adultos”, alerta a veterinária. Ainda segundo ela, o gato adulto não possui uma enzima chamada lactase, que permite a digestão da lactose. Por isso o leite consumido na fase adulta pode causar diarreia, flatulência, dor, inchaço e até mesmo vômitos.

6. Falta de apetite: sinal de alerta!

   A perda de apetite pode ter diversas causas, aponta Vivian, que ainda faz um alerta: “A perda de apetite não deve ser confundida com seletividade ou recusa de um alimento específico. A perda de apetite acontece quando o animal diminuiu o consumo de diversos alimentos, inclusive alimentos que o animal gosta muito”, diferencia. Ainda segundo a veterinária, a falta de apetite geralmente está relacionada com alterações como doenças agudas ou crônicas, e até mesmo com a idade, já que muitos animais idosos podem apresentar redução na capacidade olfatória. “Já a seletividade ou recusa de um alimento específico estão ligadas a alimentos que o animal não gosta. Tanto para cães quanto para gatos, devemos investigar quando o animal reduz em mais de 25% o consumo por mais de 3 dias, ou imediatamente se o animal não aceita nenhum tipo de alimento”,


Agradecimentos:

Vivian Pedrinelli

Especializada em nutrição de cães e gatos pela UNESP – campus Jaboticabal.

 

 

Yves Micelli

Mestre em Alimentação e Nutrição Animal pela Universidade de São Paulo (USP – Campus Pirassununga).