ULTRASSOM E RAIO-X: DESAFIOS DA ROTINA DE QUEM ATUA NAS ÁREAS E TEMAS PARA ESTUDO QUE VOCÊ PRECISA FICAR DE OLHO

CONFIRA OPINIÃO DE PALESTRANTES DE PESO DO SETOR DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM VET DO BRASIL

Foto: Tatyana Consaul/iStock

Por Samia Malas

A 5 ª edição do Congresso Vet em Foco está prestes a acontecer, pois será realizada entre os dias 23 e 25 de abril de 2024, em Campinas-SP, no Expo Dom Pedro. E para instigar você, médico-veterinário, a estudar cada vez mais e sempre, conversamos com alguns dos palestrantes do evento para sondar um pouco mais sobre a área de Diagnóstico por Imagem no Brasil.

CIBELE CARVALHO
Palestra: “Interpretando os achados ultras-sonográficos nas hepatopatias difusas”.
Importância do tema: “O tema é super atual! Realmente o que há de mais atual na área de ultrassonografia abrindo, inclusive, um novo campo de trabalho. Acho importante para quem milita na área se atualizar e conhecer as novas tecnologias, saber as vantagens e desvantagens do método, assim como as principais aplicações.”
Carreira: “São 34 anos trabalhando com exames de imagem. Me interesso pela área desde o último ano de faculdade, onde iniciei monitoria, tive bolsas de estudo científico pela FAPESP e acabei fazendo iniciação científica na área de radiologia, pois no final da década de 1980 não havia ultrassonografia na medicina veterinária de pequenos animais em nenhum lugar no mundo.”
Desafios em sua rotina: “Cada paciente é um desafio. Ver a mesma doença que já viu mil vezes, mas com outra cara naquele paciente. Sintomatologias e gravidades diferentes na mesma doença. Nem sempre as imagens que a gente adquire de uma doença serão iguais em todos os pacientes. Outro desafio, é ter um lado técnico muito afiado e desenvolver o lado médico, que é aquele que faz a tradução dos achados para o clínico que solicitou o exame. Sem contar que precisamos saber lidar com o tutor que está ansioso e quer saber, ao final do exame, com está o pet dele. Então, lidar com estas sutilezas humanas também é importante, apesar da nossa interação com o tutor ser bem mais rápida do que a do clínico.”

MIRIAN VAC
Palestra: “Atualizações na avaliação ultrassonográfica do trato intestinal em felinos: afinal, o que precisamos saber?”
Importância do tema: “A avaliação ultrassonográfica do trato intestinal em felinos é uma requisição frequente dos clínicos, já que estes pacientes apresentam alta incidência de patologias neste sistema. Por ser um desafio diferenciá-las, atualizações são necessárias.”
Carreira: “Tenho 35 anos de carreira.”
Desafios em sua rotina: “Para realizar um exame ultrassonográfico de excelência, além do conhecimento sobre a formação e interpretação da imagem, é muito importante ter conhecimentos de anatomia, fisiologia, clínica e patologia de várias espécies.”

MARCUS FELICIANO
Palestra: “Correlação entre a avaliação doppler, a elastografia e o contraste por microbolhas das neoformações abdominais”.
Importância do tema: “É um tema recente e inovador na rotina veterinária e na pesquisa. Os resultados têm demonstrado que as técnicas de elastografia e ultrassonografia contrastada são aplicáveis e muitos já começaram a aplicar em suas rotinas. Quando falamos de neoplasias e estes métodos, há uma complementação importantíssima da elasto e ceus, com a caracterização e detecção de malignidade de neoformações em pacientes animais. A escolha do tema não poderia ser outro pela importância que o diagnóstico precoce de malignidade ou neoplasmas traz para sobrevida dos nossos pacientes.”
Carreira: “Atuo na área há 17 anos.”
Desafios em sua rotina: “Os desafios são muitos! Costumo dizer aos meus alunos que é a matéria ou a área mais difícil que temos na medicina veterinária, pela característica multidisciplinar, multimodal (vários métodos) e espécies variadas que avaliamos ou aplicamos os métodos. Posso dizer com tranquilidade que o maior desafio é o aperfeiçoamento e constante aprendizado que todos precisam se propor constantemente. Outros desafios que posso citar são: valores de equipamentos (que são altos), uma possível saturação do mercado de trabalho nessa área (dependendo da região), alguns processos de desvalorização da área por colegas de outras especialidades ou uma competição não ética e desnecessária por colegas da mesma área e o não entendimento de que existe todo um processo semiológico, ético e de trabalho em conjunto que pode desfavorecer o trabalho daquele que milita na área da imagem”.

Foto: Divulgação

“Muitos têm receio de realizar punções, por ser um método invasivo, porém, com as técnicas adequadas e com embasamento científico, ela é extremamente importante” diz Gustavo Tiaen, Professor de Diagnóstico por Imagem na UAM e FAM

GUSTAVO TIAEN
Palestras: “Quando o tórax é o foco: ultrassonografia no diagnóstico de patologias torácicas” e “Ultrassonografia intervencionista: chega de medo das punções!?”.
Importância dos temas: “A ultrassonografia torácica não é tão difundida como a ultrassonografia abdominal, e com os avanços das técnicas, o ultrassom torácico acaba sendo fundamental no auxílio dos atendimentos emergenciais, no intensivismo, internação etc., tornando seu entendimento cada vez mais importante. Com relação às punções, muitos profissionais têm receio e/ou medo da realizar tal técnica por ser um método mais invasivo, porém com as técnicas adequadas e com embasamento científico, ela acaba sendo extremamente importante na realização de diversos diagnósticos.”
Carreira: “Estou na área de diagnóstico por imagem há 19 anos.”
Desafios em sua rotina: “O grande desafio é se manter sempre atualizado em todas as áreas que competem ao diagnóstico por imagem (ortopedia, cirurgia, neurologia, endocrinologia, cardiologia etc.), além de exercer os procedimentos e exames da rotina, pois, na minha opinião, um bom profissional é aquele que tem ambos: a teoria e a prática, na sua rotina diária”.

Foto: Divulgação

“Um dos desafios que enfrentamos é a baixa valorização do especialista; abertura descontrolada de novos cursos de pós-graduação e graduação; adaptação às novas tecnologias […]” diz Antonio Carlos Lacreta, Especialista em Diagnostico por Imagem

ANTÔNIO CARLOS LACRETA
Palestras: “Os pilares fundamentais para interpretar e laudar suspeitas neoplásicas ósseas no RX”; e “Suspeita de corpo estranho intestinal: E agora?”
Importância dos temas: “São temas corriqueiros na rotina do médico-veterinário, por vezes desafiadores e que ainda causam dúvidas aos clínicos e radiologistas”.
Carreira: “São 25 anos de carreira na área”.
Desafios em sua rotina: “Baixa valorização do especialista; abertura descontrolada de novos cursos de graduação e pós-graduação, nem sempre de qualidade; adaptação às novas tecnologias, em especial a inteligência artificial; e baixa oferta de cursos de residência.

PAULO GARCIA
Palestra: “Novidades na interpretação ultrassonográfica da hiperplasia nas adrenopatias”.
Importância do tema: “Atualmente o aumento da resolução dos equipamentos ultrassonográficos fez com que as adrenais fizessem parte do exame abdominal. Hoje elas são visibilizadas com muito mais facilidade e com uma definição muito melhor. Com essa facilidade em visualizar essas estruturas, as diferentes causas de adrenomegalia e sua correlação com as diferentes endocrinopatias, ainda são grandes desafios para o ultrassonografista de pequenos animais.”
Carreira: Iniciei na área no ano de 2000 e desde 2001 atuo na área de ultrassonografia de pequenos animais”.
Desafios em sua rotina: “Diferentemente de quando iniciei, quando éramos poucos na área, e tínhamos uma grande demanda (muito embora a especialidade fosse pouco conhecida por parte dos colegas clínicos de pequenos animais), hoje a concorrência é muito grande e para se destacar no mercado o ultrassonografista deve, além da imagem, ter um vasto conhecido em anatomia, fisiologia e clínica médica para, de forma muito mais completa, ser, de fato, um apoio diagnóstico para o clínico.”

Foto: Divulgação

“Um dos desafios da nossa rotina é adquirir conhecimento geral da anatomia, anatomia radiográfica e variantes anatômicos em diferentes raças e espécies de animais” diz Derek Levi Machado, do Instituto Veterinário de Imagem (IVI)

DEREK LEVI MACHADO
Palestra: “Diagnóstico da displasia do cotovelo: Rx ou tomografia?”
Importância do tema: “Escolhi este tema para a minha palestra no Congresso Raio-X em foco pela alta incidência dessa enfermidade em cães, comprometendo a qualidade de vida desses pacientes, bem como o impacto financeiro que ela gera para os responsáveis (tutores), muitas vezes envolvendo exames de imagem avançados, cirurgia e fisioterapia.”
Carreira: “Estou nesta área da Medicina Veterinária há 6 anos, sendo 2 anos no programa de treinamento do laboratório IVI e 4 anos de rotina clínica.”
Desafios em sua rotina: “Conhecimento geral da anatomia, anatomia radiográfica e variantes anatômicos em diferentes raças e espécies de animais. Desta forma, minimizando erros de interpretação e respeitando a limitação de cada método de imagem”.

Foto: Fly_dragonfly/iStock

GABRIELA CAMPOS SUZANO
Palestra: “Casos desafiadores da rotina ortopédica ultrassonográfica”.
Importância do tema: “Iniciei trabalhando na área de equinos em clínica médica e diagnóstico por imagem e, dentro dessa espécie, o diagnóstico do sistema locomotor é muito forte, e esse tipo de exame se destaca. Percebi que na área de pequenos animais ainda existem muitas dúvidas em relação a viabilidade do exame, o diagnóstico e ao próprio tema. Assim, a ideia da minha palestra é trazer a rotina ortopédica para o Congresso Ultrassom em foco, em Campinas-SP, de forma prática e mostrando as nossas ‘buchas’ do dia a dia, para ampliar o horizonte e o acervo visual dos congressistas para esse tipo de exame”.
Carreira: “Sou formada há 11 anos, atuo com diagnóstico por imagem há 9 anos (com início em equinos) e com pequenos animais em torno de 7 anos e meio, aproximadamente”.
Desafios em sua rotina: “Acredito que o principal desafio dentro da área de diagnóstico por imagem é se manter constantemente atualizado. Como tudo na medicina veterinária, é essencial sempre estarmos estudando, mas vejo que na área de diagnóstico por imagem temos pesquisadores muito bons, com novidades de guidelines e parâmetros o tempo todo. O bom profissional que se destaca, além da experiência e prática, com certeza precisa estar afiado no conhecimento e nas atualizações”.

RÔMULO BRAGA
Palestras: “Minha vida de radiologista vet: uma experiência brasileira”; “Raios-x da cabeça: vale a pena pedir? E como?”; e “Como interpretar e emitir laudos de displasia coxofemoral”
Importância dos temas: “Na primeira palestra quis dar uma visão pessoal da minha trajetória na especialidade para quem está começando ou pretende trilhar a área, e considerar meus erros e acertos nas suas escolhas atuais. A palestra sobre Raios-x de cabeça, pretende abordar uma das regiões de investigação mais desafiadoras e que tende a ser substituída pelos métodos avançados de imagem, se bem indicada e orientada, ainda tem situações práticas de aplicação, sobretudo nos casos em que outro método não é possível ou acessível. Falar de displasia e seus relatórios é um interesse geral para médicos-veterinários: uma doença frequente, subestimada e perniciosa, que pode realmente passar despercebida até que a sua manifestação seja um tormento. Nossa discussão visa abordar as avaliações preventivas e para reprodução.”
Carreira: “Trabalho exclusivamente com rotina de radiologia há 24 anos, especialmente em centros diagnóstico e clínicas. Já dei aulas em quatro faculdades de Medicina Veterinária de tecnologia em radiologia, curso técnico, e também em alguns cursos de pós-graduação”.
Desafios em sua rotina: “Os desafios estão relacionados com a criação de uma imagem de qualidade e a correlação com o quadro clínico e outros exames na investigação para compreender as causas do problema e como orientar o tratamento. Um exame pode não produzir resultados práticos se não for direcionado para as suspeitas e questionamentos do médico-veterinário. As diferentes formas de abordar o paciente e como realizar o exame podem influenciar também na análise e no diagnóstico final.”

GABRIELA RODRIGUES
Palestras: “Sedar ou não sedar, eis a questão”; “Complicações pós-cirúrgicas em fraturas, como interpretar os achados radiográficos?”
Importância dos temas: “Meus temas de palestra representam duas dores do radiologista. Acompanhamos muito a evolução de cirurgias ortopédicas e temos que ter um pouco de conhecimento sobre as técnicas de ortopedia para poder avaliar se a evolução está dentro do esperado ou não para uma determinada técnica ou mesmo saber identificar possíveis complicações na hora de uma resolução de uma fratura e indicar se a evolução está sendo favorável. A sedação é um ponto nevrálgico para a rotina do radiologista, pois normalmente trabalhamos com pacientes que não são tão cooperativos e até mesmo os que seriam cooperativos, como estão com dor, não vão favorecer a obtenção de uma boa imagem. Então a sedação acaba sendo uma aliada, mas que nem sempre é bem-vista pelo clínico ou pelo tutor.”
Carreira: “Atuo na área de Imagem desde que me formei, em 1996. Entrei na residência do Jockey Club em 1997, trabalhando com radiologia de equinos. Em 1998 fiz um curso de pequenos animais no Instituto Veterinário de Imagem (IVI) e desde então trabalho exclusivamente com radiologia de pequenos animais.”
Desafios em sua rotina: “Muitos deles são comuns às outras áreas da veterinária, como o desafio de lidar com o tutor. No diagnóstico por imagem trabalhamos sempre com situações mais negativas, pois a radiologia envolve radiação e os tutores estão preocupados, o paciente realmente está com um problema, o exame tem um custo, então há toda uma tensão envolvida na realização de um exame de imagem. O saber lidar com empatia com o tutor e ter um carinho com o paciente, transcendendo a desafio da técnica, é algo que deve ser praticado.”

CONGRESSO VET EM FOCO
Onde: Expo Dom Pedro, em Campinas-SP, durante a feira SuperPet
Quando: entre 23 e 25 de abril de 2024
Informações:congressovetemfoco.com.br