“TEMOS QUE SER PROFISSIONAIS ATUALIZADOS E ESTARMOS SEMPRE PREPARADOS PARA AMPARAR OS TUTORES EM MOMENTOS DIFÍCEIS”, DIZ DR. PAULO CÉSAR JARK

CONFIRA ENTREVISTA COM O ONCOLOGISTA VETERINÁRIO, QUE É O ATUAL PRESIDENTE DA SOCIEDADE LATINO AMERICANA DE ONCOLOGIA VETERINÁRIA E NOSSO PALESTRANTE NO CONGRESSO ONCOLOGIA EM FOCO

Foto: Arquivo Pessoal

Por: Maria Inês Ferreira

 

Graduado em Medicina Veterinária pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC),com residência em Clínica Médica de Pequenos Animais pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e especialização em Oncologia Veterinária pelo Instituto Bioethicus, de Botucatu-SP, Dr. Paulo César Jark atua como professor de Oncologia do Instituto Bioethicus, da Anclivepa/SP, da Unesp Jaboticabal e da Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (Ufape) Intercursos, além de ser professor colaborador na Pós-Graduação (mestrado) em Medicina Veterinária da Unesp e presidente da Sociedade Latino Americana de Oncologia Veterinária (SLOVET).
Em sua trajetória Dr. Paulo César Jark também realizou treinamento no Center for Comparative Oncology, na Michigan State University em 2010. Além disso, possui mestrado e doutorado em Clínica Médica com enfoque em Oncologia Veterinária pela Unesp. Realizou também programa de doutorado no exterior, na University of Wisconsin, em Madison, em 2015, e é autor do livro “Neoplasias Hematopoieticas em cães e gatos”, além de ser coordenador do Onconnectionvet e Oncospes.
Confira entrevista que fizemos com ele.

Revista Medicina Veterinária em Foco: Há quanto tempo atua na área de Oncologia Veterinária? Poderia compartilhar um pouco da sua trajetória profissional nesta área?
Dr. Paulo César Jark:
Atuo há aproximadamente 14 anos exclusivamente na área de Oncologia. Durante minha residência em Clínica Médica fiz um treinamento no Center for Comparative Oncology, na Universidade de Michigan, e lá tive a certeza de que seguiria nesta área da Medicina Veterinária.
Depois fiz especialização, mestrado e doutorado na Unesp de Jaboticabal com enfoque em Oncologia e desde lá sigo atuando na área.

RMVF: Quais os desafios de quem atua nessa área no Brasil?
Dr. Paulo: Acredito que seja uma área desafiadora pelo estigma que a palavra câncer carrega.
Temos que enfrentar ainda vários mitos sobre a doença, muitas vezes propagados até por colegas da área.

RMVF: Quais os projetos atuais que as associações têm implementado e que melhorias eles pretendem trazer para a área?
Dr. Paulo: As associações são um ponto de encontro para troca de ideias e intercâmbio de conhecimentos. Atualmente, presido a Sociedade Latino-Americano de Oncologia e é um privilégio conhecer oncologistas de vários países dividindo os desafios da profissão e crescendo em conjunto para levar a Oncologia da América Latina a um patamar mais elevado.

RMVF: Quais os maiores Congressos da área no Brasil e no mundo?
Dr. Paulo: Acho que no Brasil temos desde congressos generalistas, a exemplo do Vet em Foco, Anclivepa, Medvep, além de congressos direcionados como o Oncovet e o OncoInRio. Em relação aos congressos internacionais de Oncologia temos o Slovet na Colômbia, que é o Latino-americano de Oncologia, do qual participo da organização. Temos o VCS, que é talvez o mais importante da área, e a cada 4 anos, os mundiais de Oncologia.

RMVF: Se compararmos com outros países da Europa e Estados Unidos, a área de Oncologia no Brasil está avançada ou ainda tem muito a crescer? Quais são nossas referências nesse campo hoje?
Dr. Paulo: Acho que o Brasil está evoluindo muito e hoje nós somos referência na América Latina, uma vez que houve um crescimento importante nos últimos 10 anos, reflexo também do aquecimento do mercado que acaba proporcionando maiores investimentos na área.

RMVF: Como avalia a evolução da Oncologia Veterinária nos últimos 10 anos? O que acredita ter evoluido mais nesta especialidade?
Dr. Paulo: Tanto ferramentas diagnósticas como opções de tratamento que melhoraram substancialmente o prognóstico dos animais. Além disso, maior acesso a informação fazendo com que o diagnóstico seja mais precoce.

RMVF: Quais os maiores avanços em termos de tecnologia (equipamentos, exames), que os veterinários que atuam na área de Oncologia experimentaram nos últimos anos? Em que diagnósticos esses avanços trouxeram melhoras?
Dr. Paulo: Hoje temos desde as terapias tradicionais como cirurgias, eletroquimioterapia, radioterapia, quimioterapia até as terapias alvos baseadas em mutações específicas e testes genéticos individualizados, o que era impensável há 10 anos.

RMVF: Os serviços de Oncologia para pets têm ficado mais acessíveis aos clínicos e tutores? Ou ainda são muito restritos aos grandes centros?
Dr. Paulo:
Hoje temos profissionais em diversas áreas do país, então creio que esteja mais acessível sim.

RMVF: Qual recado deixaria aos estudantes de Medicina Veterinária ou aos profissionais que pretendem ingressar na área de Oncologia de pequenos animais?
Dr. Paulo: A Oncologia Veterinária é uma área linda, extremamente desafiadora, a quantidade de informações novas é grande, então é necessário gostar de estudar e se atualizar além de, obviamente, ter como pré-requisito a parte humana, pois a demanda psicológica é grande e temos que ser profissionais atualizados e estarmos sempre preparados para amparar os tutores em momentos difíceis.