CONFIRA UM PANORAMA GERAL DESTA CONDIÇÃO, QUE É SILENCIOSA E EXIGE ATENÇÃO DO VETERINÁRIO
Por: Samia Malas
A hiperlipidemia é a elevação das principais gorduras do sangue, tanto humano quanto animal, que é o colesterol e triglicérides, ou seja, quando uma pessoa ou animal mede esses metabólicos e eles estão elevados, dizemos que o animal ou a pessoa têm hiperlipidemia, explica a Profa. Dra. Márcia Jericó, que faz este alerta pela alteração ser um problema silencioso. “Percebemos mais quando já está com um quadro evoluído. É como a hipertensão. Então, você vai perceber através de eventos, que não são marcadores, mas que estão associados”, acrescenta.
SINTOMAS E CAUSAS
Os sintomas não são específicos da hiperlipidemia. “Eventualmente, os animais começam a beber mais água, fazem muito xixi, como denominamos poliúria e polidipsia. Eles podem ter dores abdominais, mas são sintomas muito inespecíficos. E o que vemos são as complicações, as doenças relacionadas”, explica Dra. Márcia. “A hiperlipidemia pode causar embolias, tromboembolismo gorduroso, pancreatite, diabetes, fígado gordo, uma colestase hepática, enfim, são várias as repercussões, mas essas são as principais”, acrescenta.
A Profa. Dra. Vanessa Uemura da Fonseca explica que ambos, a hipertrigliceridemia e a hipercolesterolemia, podem estar ligados à obesidade, mas não são um resultado exclusivamente ligado a ela. “Os principais quadros que atendemos são os ligados às endocrinopatias, sendo as principais o hipercortisolismo (ou síndrome de Cushing) e o hipotiroidismo. Porém, a hiperlipidemia também pode ocorrer na diabetes mellitus”, comenta a médica-veterinária.
A Profa. Dra. Sofia Borin Crivellenti concorda, e diz que a obesidade certamente é uma das causas de distúrbios lipídicos em cães e gatos, porém, infelizmente não podemos culpá-la totalmente como a grande vilã das hiperlipidemias. “Digo infelizmente, porque seria muito mais fácil e lógico convencer os responsáveis pelos animais de que a obesidade deve ser prevenida e tratada se suas consequências cardiovasculares (aterosclerose, infarto, acidente vascular cerebral etc.) tivessem a mesma incidência que em humanos. Mas não têm. Devido à ausência da enzima CETP (que está presente em humanos), as moléculas de HDL adquirem continuamente ésteres de colesterol, resultando na predominante formação desta lipoproteína em cães e gatos. Este fato explica a menor incidência (extremamente significativa) de distúrbios ateroscleróticos em pets em comparação aos humanos”, explica Dra. Sofia, que ainda reforça: “não podemos esquecer da hipertrigliceridemia, que é um distúrbio extremamente comum nas principais endocrinopatias caninas e felinas (hipercortisolismo, diabetes mellitus e hipotireoidismo), cujas complicações abrangem uma gama de problemas, incluindo pancreatite, distúrbios hepáticos, mucocele, problemas oculares e episódios convulsivos”.
Os sintomas não são específicos da hiperlipidemia. “Eventualmente, os animais começam a beber mais água, fazem muito xixi, como denominamos poliúria e polidipsia. Eles podem ter dores abdominais, mas são sintomas muito inespecíficos. E o que vemos são as complicações, as doenças relacionadas”, explica Dra. Márcia. “A hiperlipidemia pode causar embolias, tromboembolismo gorduroso, pancreatite, diabetes, fígado gordo, uma colestase hepática, enfim, são várias as repercussões, mas essas são as principais”, acrescenta.
A Profa. Dra. Vanessa Uemura da Fonseca explica que ambos, a hipertrigliceridemia e a hipercolesterolemia, podem estar ligados à obesidade, mas não são um resultado exclusivamente ligado a ela. “Os principais quadros que atendemos são os ligados às endocrinopatias, sendo as principais o hipercortisolismo (ou síndrome de Cushing) e o hipotiroidismo. Porém, a hiperlipidemia também pode ocorrer na diabetes mellitus”, comenta a médica-veterinária.
A Profa. Dra. Sofia Borin Crivellenti concorda, e diz que a obesidade certamente é uma das causas de distúrbios lipídicos em cães e gatos, porém, infelizmente não podemos culpá-la totalmente como a grande vilã das hiperlipidemias. “Digo infelizmente, porque seria muito mais fácil e lógico convencer os responsáveis pelos animais de que a obesidade deve ser prevenida e tratada se suas consequências cardiovasculares (aterosclerose, infarto, acidente vascular cerebral etc.) tivessem a mesma incidência que em humanos. Mas não têm. Devido à ausência da enzima CETP (que está presente em humanos), as moléculas de HDL adquirem continuamente ésteres de colesterol, resultando na predominante formação desta lipoproteína em cães e gatos. Este fato explica a menor incidência (extremamente significativa) de distúrbios ateroscleróticos em pets em comparação aos humanos”, explica Dra. Sofia, que ainda reforça: “não podemos esquecer da hipertrigliceridemia, que é um distúrbio extremamente comum nas principais endocrinopatias caninas e felinas (hipercortisolismo, diabetes mellitus e hipotireoidismo), cujas complicações abrangem uma gama de problemas, incluindo pancreatite, distúrbios hepáticos, mucocele, problemas oculares e episódios convulsivos”.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
O diagnóstico, de acordo com Dra. Márcia, é feito através da medição do colesterol e dos triglicérides no sangue do animal. “É importante que ele esteja em jejum de, no mínimo, 8 horas e, idealmente, de 12 horas. E uma vez detectada a hiperlipidemia, estabelecemos um protocolo de abordagem. A primeira medida é uma dieta com menos de 10% de gorduras. Isso geralmente é visto em dietas para cães obesos. Além da dieta de restrição de gordura, recomendamos a atividade física. E se essas duas atitudes, a dieta e a atividade física, não resolverem, aí lançamos mão de medicamentos como os fibratos e os diminuidores de colesterol, como a ezetimiba, um inibidor absortivo. Então, basicamente: restrição calórica, restrição de gorduras na dieta, atividade física e drogas hipolipemiantes, como o fibrato e o ezetimiba”, detalha a médica-veterinária.
Dra. Vanessa aponta que os tratamentos dependem muito do valor dos lipídios do animal. “Valores discretos são tratados com dieta e um nutracêutico (ômega 3) enquanto valores de moderado a alto precisam ser tratados com medicamentos”, diz.
Dra. Sofia concorda, e explica que mesmo que a hipercolesterolemia geralmente esteja associada a complicações menos graves que em humanos, as tentativas medicamentosas de correção justificam-se quando a concentração de colesterol ultrapassa os 500 mg/dL. Ainda segundo ela, o tratamento da hiperlipidemia secundária está intrinsecamente ligado ao sucesso no tratamento da doença subjacente. “Em muitos casos, quando a condição primária é tratada com êxito, a hiperlipidemia tende a se resolver. A primeira etapa na terapia da hiperlipidemia primária ou secundária resistente ao tratamento da doença de base consiste na modificação da dieta (dietas pobres em gorduras, ricas em fibras, contendo fontes de amido etc.). Com muito orgulho, comunico que meu grupo de pesquisa em endocrinologia da UFU tem se dedicado ao desenvolvimento de estudos na área de hipolipemiantes. Atualmente, estamos investigando a eficácia dos fitoesteróis no controle da lipemia em pacientes endocrinopatas e em breve, teremos novidades empolgantes para compartilhar sobre nossas descobertas!”, revela Dra. Sofia.
O diagnóstico, de acordo com Dra. Márcia, é feito através da medição do colesterol e dos triglicérides no sangue do animal. “É importante que ele esteja em jejum de, no mínimo, 8 horas e, idealmente, de 12 horas. E uma vez detectada a hiperlipidemia, estabelecemos um protocolo de abordagem. A primeira medida é uma dieta com menos de 10% de gorduras. Isso geralmente é visto em dietas para cães obesos. Além da dieta de restrição de gordura, recomendamos a atividade física. E se essas duas atitudes, a dieta e a atividade física, não resolverem, aí lançamos mão de medicamentos como os fibratos e os diminuidores de colesterol, como a ezetimiba, um inibidor absortivo. Então, basicamente: restrição calórica, restrição de gorduras na dieta, atividade física e drogas hipolipemiantes, como o fibrato e o ezetimiba”, detalha a médica-veterinária.
Dra. Vanessa aponta que os tratamentos dependem muito do valor dos lipídios do animal. “Valores discretos são tratados com dieta e um nutracêutico (ômega 3) enquanto valores de moderado a alto precisam ser tratados com medicamentos”, diz.
Dra. Sofia concorda, e explica que mesmo que a hipercolesterolemia geralmente esteja associada a complicações menos graves que em humanos, as tentativas medicamentosas de correção justificam-se quando a concentração de colesterol ultrapassa os 500 mg/dL. Ainda segundo ela, o tratamento da hiperlipidemia secundária está intrinsecamente ligado ao sucesso no tratamento da doença subjacente. “Em muitos casos, quando a condição primária é tratada com êxito, a hiperlipidemia tende a se resolver. A primeira etapa na terapia da hiperlipidemia primária ou secundária resistente ao tratamento da doença de base consiste na modificação da dieta (dietas pobres em gorduras, ricas em fibras, contendo fontes de amido etc.). Com muito orgulho, comunico que meu grupo de pesquisa em endocrinologia da UFU tem se dedicado ao desenvolvimento de estudos na área de hipolipemiantes. Atualmente, estamos investigando a eficácia dos fitoesteróis no controle da lipemia em pacientes endocrinopatas e em breve, teremos novidades empolgantes para compartilhar sobre nossas descobertas!”, revela Dra. Sofia.
PREVENÇÃO
A hiperlipidemia, quando ela é secundária a algum problema, pode ser prevenida. A obesidade é uma causa, então vamos evitar que o animal fique obeso, exemplifica Dra. Márcia. “Além disso, o uso de corticoides pode levar à hiperlipidemia. O uso do anticonvulsivante fenobarbital pode levar à hiperlipidemia. Algumas doenças como diabetes, hiperadrenocorticismo e hipotireoidismo podem levar à hiperlipidemia. Então, em situações de doença como estas citadas previamente, em que o animal pode apresentar hiperlipidemia, você deve se preocupar em também dosar o colesterol e os triglicérides desse paciente. Agora, se ele não tiver doença nenhuma e se for de uma raça como Schnauzer, Yorkshire Terrier e até mesmo Beagle, o cão pode ter o que chamamos de hiperlipidemia primária. Quer dizer, ele pode ser super magro, não ter nenhum problema de uso de corticoides ou de anticonvulsivantes ou nenhuma doença e, mesmo assim desenvolver a hiperlipidemia. É bem mais raro, cerca de 5% dos casos, mas o Schnauzer, em especial, é um grande candidato”, finaliza Dra. Márcia.
A hiperlipidemia, quando ela é secundária a algum problema, pode ser prevenida. A obesidade é uma causa, então vamos evitar que o animal fique obeso, exemplifica Dra. Márcia. “Além disso, o uso de corticoides pode levar à hiperlipidemia. O uso do anticonvulsivante fenobarbital pode levar à hiperlipidemia. Algumas doenças como diabetes, hiperadrenocorticismo e hipotireoidismo podem levar à hiperlipidemia. Então, em situações de doença como estas citadas previamente, em que o animal pode apresentar hiperlipidemia, você deve se preocupar em também dosar o colesterol e os triglicérides desse paciente. Agora, se ele não tiver doença nenhuma e se for de uma raça como Schnauzer, Yorkshire Terrier e até mesmo Beagle, o cão pode ter o que chamamos de hiperlipidemia primária. Quer dizer, ele pode ser super magro, não ter nenhum problema de uso de corticoides ou de anticonvulsivantes ou nenhuma doença e, mesmo assim desenvolver a hiperlipidemia. É bem mais raro, cerca de 5% dos casos, mas o Schnauzer, em especial, é um grande candidato”, finaliza Dra. Márcia.
Colaboradoras:
Profa. Dra. Márcia Jericó Médica-veterinária mestre em Fisiologia pelo Instituto de Ciências Biomédicas da USP. Doutora em Clínica Médica pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP. Coordenadora do curso de pós-graduação em Endocrinologia Veterinária, promovido pela Equalis & MV Minds. Sócia-proprietária do CVAL (Consultórios Veterinários Alto da Lapa). Sócia fundadora e coproprietária da MV MINDS (Educação Continuada e Pesquisa Clínica). Vice-Presidente em exercício, Presidente por dois mandatos, e Sócia Fundadora da Associação Brasileira de Endocrinologia Veterinária (ABEV). Membro da Society of Comparative Endocrinology (SCE). Co-Editora do Tratado de Medicina Interna de Cães e Gatos (GEN/Roca), prêmio Jabuti em 2015.
Profa. Dra. Vanessa Uemura da Fonseca Graduada em Medicina Veterinária pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP). Fez pós-graduação lato sensu em Endocrinologia e Metabologia de Pequenos Animais pela ANCLIVEPA/SP. Possui Mestrado e Doutorado em Ciências pela FMVZ/USP. Diretora de cursos na empresa Pesquisas Hormonais. Membro da diretoria da Associação Brasileira de Endocrinologia Veterinária (ABEV) triênio 2022-2025. Atendimento especializado na área de Endocrinologia Veterinária na clínica Concept Care.
Profa. Dra. Sofia Borin Crivellenti Médica-veterinária com mestrado e doutorado pelo Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária (área de Clínica Médica) da UNESP, com ênfase nas áreas de hematologia e endocrinologia veterinária (2009-2015). Possui pós-doutorado em Medicina Veterinária com ênfase em Endocrinologia pela UNESP (2015-2016) e é diretora da ABEV, e responsável pelo Serviço de Clínica Médica de Pequenos Animais do HV-UFU e do Serviço de Endocrinologia do HV-UFU. Professora da graduação em Medicina Veterinária e da Pós-graduação em Ciências Veterinárias na Universidade Federal de Uberlândia (UFU).