As maiores novidades estão relacionadas ao diagnóstico e tratamento das cardiopatias em cães e gatos

POR SAMIA MALAS

“As maiores novidades estão relacionadas ao diagnóstico e tratamento das cardiopatias em cães e gatos”, diz Lilian Caram Petrus

CONFIRA ENTREVISTA COM A PRESIDENTE DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA VETERINÁRIA SOBRE A ESPECIALIDADE

Graduada em medicina veterinária pela Universidade Paulista, a médica-veterinária Lilian Caram Petrus fez Mestrado e Doutorado em Clínica Veterinária pela FMVZ-USP, com linha de pesquisa voltada para a área de cardiologia de cães e gatos. A profissional atua nessa área desde 2002, realiza consultas cardiológicas, eletrocardiograma e ecocardiograma, além de coordenar cursos de pequena e longa duração. Lilian também é presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia Veterinária desde 2017, portanto está em sua segunda gestão nesse cargo, que se encerrará em 2022. A seguir, a veterinária fala um pouco sobre a área em que atua.

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Revista Cardiologia Veterinária em foco: Quais foram os maiores avanços ou novidades em sua gestão na SBCV?

Lilian Caram Petrus: Em termos de realização, acho que as palestras on-line foram um grande avanço para a educação continuada na cardiologia veterinária. Outra coisa importante foi estabelecer uma relação mais próxima com o associado, permitindo que ele mostrasse aquilo que esperavam de nós. A organização das regras aprovadas pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária para a prova de especialista em cardiologia veterinária [Resolução 1140, de 17 de fevereiro de 2017] também foi algo importante. Isso nos permitirá que realizemos a prova, no mais tardar, no ano que vem [2021].

RCVF: Qual o caminho da especialização em Cardiologia na veterinária?

Lilian: A primeira prova de especialista em cardiologia ainda não foi realizada. Nossa programação é que ocorra juntamente com o IV Congresso Brasileiro de Cardiologia Veterinária, em novembro do ano que vem. Para obter o título o candidato deve prestar uma prova, dividida em teórica e prática. Qualquer associado que atinja uma pontuação mínima curricular poderá prestar essa prova. Por ora, não só quem for aprovado nessa prova poderá atuar no mercado, mas essa é uma forma de direcionar as pessoas e dizer que aquele profissional foi aprovado pela entidade que rege toda a cardiologia veterinária nacional.

RCVF: Quais os principais eventos da área no Brasil? E no exterior?

Lilian: No Brasil, todos os eventos da Sociedade Brasileira de Cardiologia Veterinária são fundamentais para quem trabalha na área. Já fora do Brasil, os Congressos dos Colégios Americanos e Europeu de Medicina Interna trazem as mais recentes novidades de pesquisa em medicina interna, incluindo a cardiologia veterinária.

RCVF: Que aptidões e/ou conhecimentos um veterinário que pretende se especializar na área deve ter e/ou buscar?

Lilian: Primeiramente, conhecimentos básicos de fisiologia cardiovascular, anatomia, e clínica médica geral são muito importantes. Depois disso, o futuro cardiólogo pode procurar estágios e pós-graduação na área. Além disso, estar sempre atento às atividades da Sociedade Brasileira de Cardiologia Veterinária.

RCVF: Quais os benefícios de se tornar um membro da SBCV? Como se faz para se tornar um membro?

Lilian: Como associado o médico-veterinário tem descontos nos cursos da entidade e naqueles cursos apoiados pela SBCV. Além disso, pode participar de grupos de discussão, tanto no Facebook como no WhatsApp. Apenas o associado terá direito a prestar a prova de especialista em cardiologia quando atinge a pontuação curricular necessária para tal. Para se associar, basta entrar no site: www.sbcv.org.br e seguir as instruções.

RCVF: Qual a realidade sul-americana da área? O Brasil ocupa lugar de destaque? Qual o país referência na área e por quê?

Lilian: Na América do Sul não existe um país referência. Acredito que o Brasil, pelo número de atividades anuais na área de cardiologia veterinária, além do Congresso Brasileiro de Cardiologia Veterinária, que está indo para sua 4ª edição, esteja um pouco à frente dos demais países. No mundo, alguns lugares são referências em pesquisa científica. Mas com certeza os Estados Unidos estão um pouco à frente dos outros nesse quesito.

RCVF: A cardiologia é uma das áreas que evoluiu bastante nos últimos anos. A que fatores podemos atribuir essa evolução? Quais as maiores novidades e tendências da última década na área de cardiologia veterinária?

Lilian: A especialização na veterinária se tornou uma tendência. E a Cardiologia seguiu esse caminho. Mas isso se deve também ao fato de termos tido um bom trabalho da entidade de classe que representa a especialidade. A SBCV, desde seu início, realizou um excelente trabalho de divulgação da especialidade, o que claramente também aumenta o interesse pela área. Acho que as maiores novidades estão relacionadas ao diagnóstico e tratamento das cardiopatias em cães e gatos. Um exemplo é o uso de Pimobendan como fármaco no tratamento das cardiopatias. O que sabíamos há 10 anos é totalmente diferente do que sabemos hoje. Outro exemplo é a utilização de algumas ferramentas para diagnóstico como a ecocardiografia. Como isso mudou nossa visão de todas as cardiopatias! Há mais ou menos 20 anos usávamos o ecocardiograma praticamente só para diagnóstico, enquanto hoje usamos como um guia terapêutico. Essas são apenas algumas. Muita novidade ainda está por vir.

RCVF: As universidades têm se adequado ao crescente interesse na área? Como percebemos isso?

Lilian: Ainda muito pouco. O ideal seria termos nos hospitais escola a residência em cardiologia veterinária, como uma forma de preparar melhor aqueles interessados a trabalhar na área. Porém, apesar do grande número de universidades no Brasil, temos apenas duas instituições com a residência em cardiologia.

RCVF: Que conselhos daria aos que procuram se especializar nessa área?

Lilian: Muita paciência, pois, apesar de apaixonante, a curva de aprendizado na área é longa. Por isso, a educação continuada constante é a melhor ferramenta para quem quer trabalhar com cardiologia veterinária.

RCVF: Quais os grandes desafios de quem atua na área, na rotina profissional de um cardiólogo veterinário?

Lilian: Acho que o maior desafio é a experiência nas tomadas de decisão. Tanto na cardiologia veterinária, quanto em outras especialidades, a experiência na área é extremamente importante no dia a dia.

RCVF: Que dicas ou conselhos daria ao veterinário que está se especializando na área?

Lilian: O maior conselho é estar sempre focado neste exercício de se manter atualizado. As mudanças têm acontecido com grande frequência e muito rapidamente.

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Lilian Caram Petrus

Graduada em medicina veterinária pela Universidade Paulista. Fez Mestrado e Doutorado em Clínica Veterinária pela FMVZ-USP, com linha de pesquisa voltada para a área de cardiologia de cães e gatos. Atua na área de cardiologia de cães e gatos desde 2002, e realiza consultas cardiológicas, eletrocardiograma e ecocardiograma, além de coordenar cursos de pequena e longa duração. Atualmente é Diretora presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia Veterinária (desde 2017)

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